Vou a passos largos pela rua e penso em ti. Em como por uma vez te tive à minha espera do outro lado da linha de comboio; da forma como entravas no autocarro e te sentavas ao meu lado mesmo que fosse o último lugar disponível, visto que as outras pessoas já sabiam que o lugar ao meu lado era teu. Toda a gente sabia o que sentíamos um pelo outro, menos nós os dois. Achávamos nós, coitada da idade, que aos dezasseis anos íamos encontrar o amor das nossas vidas. Inocência... Já ninguém nos vai trazer os momentos que passaram, isso entendo eu agora.
Quando choravas era como se em cada lágrima tua o meu coração se dissipasse nela. Ficava sem ar, sem forças. Talvez não te tenha beijado tantas vezes como podia ter beijado, mas não me arrependo. Não, não me arrependo, e explico-te porquê: tudo aquilo que vivemos fez de nós quem somos hoje. E se, realmente, estarmos separados é aquilo que o Destino nos reservou então que seja. O que tem de ser tem muita força. Se não te ter abraçado a todo o momento ou beijado a todo o minuto tenha levado a estarmos assim, então deixa-o ser. Talvez alguém no futuro te abrace e te beije como tu queres e quando queres. E não digo isto com rancor, porque agora estou em paz. Sei que no futuro haverá também alguém que me abrace e me beije quando assim entender. Pensei que ficasse contigo, não te vou mentir. Na noite em que me disseste "nada dura para sempre" foi como se me espetassem uma faca no peito e nenhuma cirurgia exequível a conseguisse remover. (Foi também a partir dessa noite que nada mais foi o mesmo entre nós.)
Meses passaram e voltamos a estar juntos, voltamos a amar-nos mas tinhas razão - nada dura para sempre.
Agora percebo aqueles que dizem que o amor é uma droga. Julguei-os doidos. No entanto, passaram-se 21 dias desde que falamos a última vez e tu proferiste "estou cansado, não consigo fazer mais nada" e nada mais disseste. Vinte e um dias. Acordo ressacada da ligação que outrora nos juntou sabendo, porém, que já nada será igual. Estragamos tudo. "Love will tear us apart" meu caro. Não há um dia em que não me lembre de ti, confesso. Por vezes até me lembro de ti antes de adormecer - será que também te lembras de mim?
Já nada do que eu te possa dar será bem-vindo. E nada do que tu me deres eu confiarei totalmente.
Este será em duas curtas frases o melhor resumo que define o fim de dois anos.
Agradeço-te por todos os dias, até os menos bons, que me deste - serão esses que me farão ser melhor amanhã.
Estou em paz comigo, estou bem com aqueles que me querem bem e será sempre assim. De certeza que a reabilitação vai demorar meses, mas um dia vou acordar e já nem me vou lembrar de ti. Nesse dia sei que venci, e vai saber tão bem!
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