26 de dezembro de 2011

Querido João

Há dois anos atrás, como tu sabes, aconteceu-me uma coisa que eu nunca mais esqueci. Conhecia um rapaz, éramos grandes amigos e depois, durante um verão, estivemos juntos. Eu gostei muito dele. Ao ponto de dizer que nunca iria gostar de ninguém ao ponto de namorar com essa pessoa, de dizer coisas queridas todos os dias, de fazer textos enormes, ... Entreguei-me toda a ele - mente, coração e corpo. Sentia-me bem com ele quando ele me fazia festas, transmitia-me segurança, apesar daquela maneira de ser fria. Sabia que ele era frio com todas as raparigas menos comigo, eu sentia-me especial nas mãos dele. Até que ao fim de dois meses, numa chamada totalmente ao acaso, ele me diz que gosta de uma rapariga. Outra rapariga. Não sei explicar como me senti naquele momento. Foi como se um vazio tomasse conta de mim, um buraco estivesse no lugar do meu coração e eu só pensava no que teria feito para que, apesar de me ter entregado a ele e confiado nele a 100 por cento, ele não sentisse nada por mim mas sim por outra rapariga. Mais tarde vim a saber que ele disse que gostava dela mas só tinha falado com ela duas vezes, só que quando a via sentia alguma coisa dentro dele.
Continuei a pensar no que haveria de mal comigo para que ele não gostasse de mim. Será que era feia? gorda? cabra? não percebia. Eu dei-lhe tudo, como é que é possível? Ele não saía com ninguém, não ia a jantar de familiares e amigos dos pais, como é que a única rapariga que ele via a passar á porta dele era "a tal"? Como é que alguém tão distante conseguia fazer o coração dele despertar mais do que eu?? O problema era meu. Só podia ser meu. Alguma coisa se passava comigo: primeiro um rapaz disse que ja nao sentia o mesmo por mim e agora este apaixonou-se por outra?
Depois apareceste tu: deste-me tudo. Dizes-me todos os dias que sou linda, ofereces-me flores, dizes que gostas de mim de qualquer forma. Já me viste a acordar e com o cabelo todo aos caracóis. Dizes que fico mais bonita sem maquilhagem. Escreves-me coisas. Imprimes fotografias nossas. Vais comigo ao porto só porque eu digo que me apetece ir ao porto. Quando fui parar ao hospital por causa do joelho, nessa mesma tarde, foste a minha casa ter comigo. Moves montanhas para me ver bem. E eu não consigo acreditar que tu me ames. Não consigo ver o porquê de me darem tudo, como tu dás. Eu não mereço tudo, nem pouco mais ou menos. Não mereço nada.
A qualquer lado que vás, se estiverem lá raparigas, eu fico com o coração nas mãos porque não quero que o teu coração bata por nenhuma delas, apesar de eu me dar a ti. Como aconteceu com ele. É por isso que não me dou. É por isso que nunca consigo estar contigo a 100 por cento. Não vale a pena. Para que me vou dar outra vez? Depois respondo-te torto, sou fria, monossilábica. Sei que quanto menos der, menos me magoo quando isto acabar. Porque nada é para sempre. Sei que mais de metade das raparigas que passam por nós na rua são melhores do que eu, não sei porque dizes que não. Eu vejo-as.
Com anorexia e depressão, isto não tem sido fácil João, por isso se calhar é melhor pôr termo a isto. Se calhar isto não faz nem bem a ti nem a mim. Se calhar é melhor assim. Eu não consigo confiar em ti e só de ver que tu olhas para outra rapariga dá-me vontade de arrancar cabelos, imagina este natal quando dormiste em chaves com elas todas! Não dá mais. Sinto-me a morrer. E vai ser sorte se isso não acontecer mesmo.

2 comentários:

  1. oh meu deus, já me puseste a chorar :'/
    minha querida, lembra.te que não estás sozinha! qualquer coisa já sabes.. eu existo :')

    desafio
    http://simplesmente-lisa.blogspot.com/2012/01/vamos-isto.html

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  2. Não pude deixar de comentar, mesmo sabendo que já escreveste isto a alguns meses atrás. Já pensaste que o problema não és tu? Mas sim as pessoas que tiveste a infelicidade de conhecer?
    Espero que já estejas a pensar deste modo..


    Kiss Kiss

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